Carta aberta da Comissão de Odontologia Hospitalar do CRO-PE sobre o Coronavírus

Data publicação: 02/04/2020

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A Comissão de Odontologia Hospitalar do CRO-PE tem estudado, desde o começo desta Pandemia, com um grupo nacional e regional sobre a interação entre o Coronavírus e a Odontologia. Diante disto, apresentamos algumas considerações observadas na literatura científica disponível até o presente momento na intenção de colaborar com todos.

A Pandemia do Coronavírus tem assustado a população mundial e não seria diferente em nosso Estado. Temos tantos artigos sendo publicados sobre o tema que fica difícil acompanhar as informações, checar as fontes, ler com atenção os protocolos propostos e refletir de forma crítica sobre tudo isso.

Entretanto, em relação à Odontologia, sabemos que a recomendação das autoridades é a de que APENAS PROCEDIMENTOS DE URGÊNCIA e EMERGÊNCIA sejam realizados minimizando, assim, os riscos de infecções cruzadas.

Quanto aos cuidados para higienização bucal, além dos protocolos já conhecidos do uso da escova, creme dental e fio dental pelos pacientes assintomáticos para a prevenção de doenças bucais como a cárie e doença periodontal, o destaque que temos em termos de evidências quanto a COVID-19, mesmo assim não tão fortes, é sobre utilizar enxaguatório bucal antimicrobiano pré-operatório no atendimento de urgência.

Recomenda-se o uso de agentes de oxidação a 1% (ex: peróxido de hidrogênio) antes dos procedimentos odontológicos. A Clorexidina pode não ser eficaz. A indicação do bochecho com peróxido de hidrogênio a 1% é relatado na literatura para uso antes da realização de procedimentos que possam gerar aerossol, a fim de minimizar os riscos de disseminação do vírus pelo ambiente através da possível diminuição da carga viral salivar.

Recomendações sobre o uso de bicarbonato de sódio e o uso da água oxigenada a 10 volumes (que representa peróxido de hidrogênio a 3%) não estão indicados como forma de prevenção/profilática para a Covid-19. No momento não há publicação científica que reforce o uso desses enxaguantes.

Além disto, salienta-se que nos pacientes hospitalizados precisamos ainda ter mais cuidado, pois para eles é preconizada a oferta de oxigênio sem umidificação. Ou seja, isso pode gerar como reação adversa lesões em mucosa devido ao extremo ressecamento. Talvez o uso do peróxido a 3 % ou até mesmo a 1% sem o devido cuidado possa exacerbar esses efeitos.

Em relação ao uso/indicação de medicamentos que não fazem parte de nossa área de atuação realmente não temos como opinar cientificamente.

Como profissionais de saúde nosso dever é educar de forma adequada, científica, tornando as nossas recomendações realmente efetivas. De forma geral é precipitado preconizar protocolos sem embasamento científico, seja numa situação como a que estamos vivendo, seja na reprodução de experiências pessoais como fórmula a ser aplicada por todos.

Por fim, reiteramos a necessidade de sermos vetores de educação e de serenidade e que a Comissão de Odontologia Hospitalar do CRO-PE se coloca à disposição para debater, expor e refletir sobre os protocolos preconizados até o momento.

Disponibilizamos abaixo, mais uma vez, o documento elaborado pela AMIB junto ao CFO com orientações para o Cirurgião-Dentista em relação à COVID-19.

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