Data publicação: 23/07/2020
Em 13 de março aconteceu o II Fórum Pernambucano de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais no auditório do Centro Universitário Tiradentes - Unit, centro do Recife. A edição, promovida pelo CRO-PE através da Câmara Técnica de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, trouxe como tema "Cromo somos especiais na Odontologia: Síndrome de Down", abordando o tratamento odontológico das pessoas com Síndrome de Down. Com programação extensa, contando com professores doutores do Estado e convidados nacionais, o encontro teve a sua abertura com apresentação do Maracaarte, um projeto social inclusivo formado por 30 jovens com deficiência que se apresentam tocando e dançando Maracatu e integra o Centro Pró Integração Cidadania e Arte (Integrarte). Uma das fundadoras do Centro e mãe de um dos integrantes, Laise Rezende, falou aos presentes sobre a importância da arte no estímulo à integração social desses jovens e, consequentemente, na contribuição à saúde deles.
Logo após o presidente do CRO-PE, Eduardo Vasconcelos, falou aos presentes da importância da realização do II Fórum e relembrou o trabalho que vem sendo desenvolvido junto às Gerências Regionais de Saúde do Estado através da atualização dos profissionais no atendimento aos Pacientes com Necessidades Especiais. "Em 2019, as Caravanas da Saúde Bucal visitaram as Geres e levaram a capacitação de atualização no atendimento a estes Pacientes. É um trabalho que o Conselho vem fazendo, pois reiteramos a importância da atualização dos profissionais em temáticas tão importantes e que sabemos que precisam ser difundidas", comentou. Cerca de um bilhão de pessoas vivem com alguma deficiência no mundo* (*OMS 2012). No Brasil, 45,6 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência e destas, se estimativa que 300 mil apresentem a Síndrome de Down** (IBGE 2010). Em março/2020 o Sistema CFO contabilizava apenas 21 Especialistas em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais inscritos.
O presidente do CRO-TO, CD Rafael Marra, e o tesoureiro do CFO, CD Evaristo Volpato, que integraram a programação de palestras, também falaram aos presentes, parabenizando a iniciativa e estimulando que a mesma se difunda aos demais Conselhos também. Volpato também registrou na sua fala que "pelo CFO acompanhamos essas iniciativas exitosas e com muita satisfação".
A programação seguiu com a apresentação do Dr. Marra, trazendo como abordagem temática a história da sua família, em especial da sua filha. "Uma Linda história de amor" compartilha a história de Linda Mariano, a sua filha de 11 meses, que nasceu com Síndrome de Down e traz informações sobre a rotina dele como profissional Cirurgião-Dentista e pai, da sua esposa, da família e dos tratamentos e abordagens. "Gostaria de agradecer, primeiramente, ao presidente Eduardo e ao CRO-PE pelo convite. Estava passando por problemas pessoais, a Linda estava internada mas eu fiz questão de me organizar e vir aqui para compartilhar o testemunho da minha vida, da minha família. Eu não sou palestrante para dar palestra, eu não sou professor para dar aula, eu vim compartilhar, dar esse testemunho. Estou presidente do CRO-TO, sou Dentista mas eu vim como pai. Parabenizo a iniciativa do Fórum, que é uma sementinha plantada que eu quero levar para o Tocantins e também fortalecer junto ao CFO."
Logo em seguida, a Dra Adriana de S. Cunha Correia deu início à palestra "O Cirurgião-Dentista precisa de sedação no consultório odontológico?". "São pacientes que, em muitos casos, por não serem passíveis de condicionamento num primeiro momento, vão ser encaminhados para a anestesia geral e a sedação é uma ferramenta que pode trazer esse paciente de volta ao consultório sem a necessidade dele ser realmente internado. Todo o investimento que isto gera ao serviço público também de internação, de pós-operatório, além dos riscos que existem também, que são inerentes ao procedimento que é mais invasivo. Com a sedação no ambiente ambulatorial é possível resolver as demandas cirúrgicas restauradoras, talvez por mais algumas sessões do que são feitas na anestesia geral, mas com muita segurança e tranquilidade. Geralmente a família fica extremamente satisfeita porque não consegue ver seu filho ser atendido no consultório odontológico, então mesmo com a sedação, eles ficam muito felizes e satisfeitos e veem que é um procedimento seguro e que dá um resultado excelente." Correia ainda enfatizou a importância de eventos exclusivos da área, como o Fórum, serem realizados. "Muito feliz em ter sido convidada. Ficamos muito felizes quando têm evento específico da área de Pacientes com Necessidades Especiais que, infelizmente, ainda são raros esses eventos e os colegas que trabalham com Pacientes Especiais precisam dessas atualizações, dessas renovações de conteúdo, pois o Paciente Especial são muitas demandas e exige um conhecimento muito grande de farmacologia, de doenças da área médica, então realmente é muito importante." Dra Adriana ainda respondeu perguntas gerais dos presentes.
À tarde foi a vez do Dr. Evaristo Volpato, tesoureiro do CFO, trazer à discussão a palestra "Cárie dentária: conceitos e prática clínica em um ambiente especial". Abordando a importância da prevenção na saúde bucal dos Pacientes com Necessidades Especiais, Volpato salientou o cuidado diário em relação aos Pacientes com Necessidades Especiais, que requer particularidades específicas.
Logo após, a Dra Kátia Botelho abordou o "Atendimento odontológico ao paciente com Síndrome de Down". "Ele pode ser atendido em um ambiente ambulatorial, não tem necessidade de maiores recursos tecnológicos para o atendimento, desde que esse paciente venha sendo acompanhando desde o nascimento, para se fazer os cuidados de prevenção e desde que também não tenha nenhuma comorbidade associada à síndrome. É importante essa forma de atender e de fazer com que o profissional procure se inteirar mais, procure estar sempre se reciclando" explicou Botelho.
A última palestra da programação foi do Dr. Arnaldo Caldas França Jr. O tema levado à discussão foram as "Novas diretrizes da antibioticoterapia profilática". Caldas falou sobre as novas diretrizes de se prescrever antibióticos para evitar uma endocardite infecciosa. "Esse é um assunto chato de falar porque cada Sociedade, as brasileiras e as estrangeiras, têm recomendações diferentes. Então o que eu vou fazer é levar os meus colegas a pensarem sobre cada indicação e que eles decidam pautados no que eu mostro de artigos publicados, de tudo que tem de novidade de 2018 para cá, quando deve ser feito."
Os membros da Câmara, os professores doutores Juliana Andrade (presidente), Anna Beatriz Netto, Maria Betânia de Melo e Maria Cristina Santana estiveram presentes durante todo o evento. Registramos, ainda, a presença do presidente do CRO-PB, Dr. Leonardo Oliveira e do presidente da Comissão de OPNE do CRO-DF, Dr. Daniel Ribeiro.
O II Fórum Pernambucano de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais do CRO-PE contou com o apoio da UNIT, do Café Petinho, da Integrarte, da Tambaú, da Special Care, do CEAO e do Boris Bereinstein.